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    Allende: "A História é nossa e a fazem os povos"

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    Mensagem por Partigiano 05.10.08 2:11

    Atrasado, mas ainda em tempo...



    Allende: "A História é nossa e a fazem os povos"

    No dia 11 de setembro de 1973, o presidente do Chile, Salvador Allende, foi assassinado na sede do governo, durante o golpe de Estado liderado pelo general Augusto Pinochet, com apoio declarado do governo dos Estados Unidos. Em seu discurso derradeiro, Allende pede ao povo chileno que aproveite a lição: "o capital estrangeiro, o imperialismo, unidos à reação criaram o clima para que as Forças Armadas rompessem sua tradição".

    Redação - Carta Maior

    Discurso do Presidente Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973, dia do golpe de Estado que derrubou o governo da Unidade Popular e implantou a sanguinária ditadura militar comandada pelo general Pinochet:

    "Seguramente, esta será a última oportunidade em que poderei dirigir-me a vocês. A Força Aérea bombardeou as antenas da Rádio Magallanes. Minhas palavras não têm amargura, mas decepção. Que sejam elas um castigo moral para quem traiu seu juramento: soldados do Chile, comandantes-em-chefe titulares, o almirante Merino, que se autodesignou comandante da Armada, e o senhor Mendoza, general rastejante que ainda ontem manifestara sua fidelidade e lealdade ao Governo, e que também se autodenominou diretor geral dos carabineros.

    Diante destes fatos só me cabe dizer aos trabalhadores: Não vou renunciar! Colocado numa encruzilhada histórica, pagarei com minha vida a lealdade ao povo. E lhes digo que tenho a certeza de que a semente que entregamos à consciência digna de milhares e milhares de chilenos, não poderá ser ceifada definitivamente. [Eles] têm a força, poderão nos avassalar, mas não se detém os processos sociais nem com o crime nem com a força. A história é nossa e a fazem os povos.

    Trabalhadores de minha Pátria: quero agradecer-lhes a lealdade que sempre tiveram, a confiança que depositaram em um homem que foi apenas intérprete de grandes anseios de justiça, que empenhou sua palavra em que respeitaria a Constituição e a lei, e assim o fez.

    Neste momento definitivo, o último em que eu poderei dirigir-me a vocês, quero que aproveitem a lição: o capital estrangeiro, o imperialismo, unidos à reação criaram o clima para que as Forças Armadas rompessem sua tradição, que lhes ensinara o general Schneider e reafirmara o comandante Araya, vítimas do mesmo setor social que hoje estará esperando com as mãos livres, reconquistar o poder para seguir defendendo seus lucros e seus privilégios.

    Dirijo-me a vocês, sobretudo à mulher simples de nossa terra, à camponesa que nos acreditou, à mãe que soube de nossa preocupação com as crianças. Dirijo-me aos profissionais da Pátria, aos profissionais patriotas que continuaram trabalhando contra a sedição auspiciada pelas associações profissionais, associações classistas que também defenderam os lucros de uma sociedade capitalista. Dirijo-me à juventude, àqueles que cantaram e deram sua alegria e seu espírito de luta.

    Dirijo-me ao homem do Chile, ao operário, ao camponês, ao intelectual, àqueles que serão perseguidos, porque em nosso país o fascismo está há tempos presente; nos atentados terroristas, explodindo as pontes, cortando as vias férreas, destruindo os oleodutos e os gasodutos, frente ao silêncio daqueles que tinham a obrigação de agir. Estavam comprometidos. A historia os julgará.

    Seguramente a Rádio Magallanes será calada e o metal tranqüilo de minha voz não chegará mais a vocês. Não importa. Vocês continuarão a ouvi-la. Sempre estarei junto a vocês. Pelo menos minha lembrança será a de um homem digno que foi leal à Pátria. O povo deve defender-se, mas não se sacrificar. O povo não deve se deixar arrasar nem tranqüilizar, mas tampouco pode humilhar-se.

    Trabalhadores de minha Pátria, tenho fé no Chile e seu destino. Superarão outros homens este momento cinzento e amargo em que a traição pretende impor-se. Saibam que, antes do que se pensa, de novo se abrirão as grandes alamedas por onde passará o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

    Viva o Chile! Viva o povo! Viva os trabalhadores! Estas são minhas últimas palavras e tenho a certeza de que meu sacrifício não será em vão. Tenho a certeza de que, pelo menos, será uma lição moral que castigará a perfídia, a covardia e a traição."


    https://www.youtube.com/watch?v=xZeEfXjTNu4&eurl=http://forum.fmanager.com.br/index.php?showtopic=66492

    https://www.youtube.com/watch?v=NYGxGeLAMBE&eurl=http://forum.fmanager.com.br/index.php?showtopic=66492
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    Mensagem por Partigiano 07.10.08 22:58

    Documentos inéditos da CIA provam que a agressão contra o Governo de Allende foi maior do que se sabia
    Francisco Herreros; 17 de Setembro de 2008

    Os documentos inéditos do escritório da CIA no Chile que apresentámos em exclusivo constituem um convite a ingressar numa espécie de túnel do tempo, que fornece impressionantes chaves de interpretação para desentranhar a (i)lógica interna do período histórico inaugurado pela maciça intervenção norte-americana na política chilena, no qual ainda permanecemos presos, tanto no que se refere a contradições políticas, sociais e económicas não resolvidas, como ao protagonismo conservado por muitos dos participantes de então.

    Sobre a veracidade e/ou autenticidade dos documentos que submetemos ao conhecimento da opinião pública, e da história, fornecidos por uma fonte que por agora permanecerá na penumbra, podemos dizer o seguinte:

    Em primeiro lugar, que tanto a identidade da fonte, como as funções que desempenhava, foram provadas perante o que subscreve, num nível mais que suficiente, do ponto de vista do rigor, do método e da ética jornalística.

    Em segundo lugar, confrontados os conteúdos com os de outras fontes abertas, já conhecidas, tais como o Relatório Acção Encoberta no Chile 1963-1973, da Comissão Designada para Estudar as Operações Governamentais Relativas a Actividades de Inteligência, do Senado dos Estados Unidos, conhecido como Relatório Church, de 1975; o Relatório Hinchey sobre as Actividades da CIA no Chile, de Setembro de 2000, e outros documentos desclassificados de diversas agências governamentais norte-americanas, é possível observar uma coerência, simetria e concordância que suportam fortemente a hipótese de verosimilhança.

    Em terceiro lugar, que contrabalançada a versão das motivações da fonte para tornar públicos ditos documentos, com a possibilidade de uma armadilha para o meio de comunicação disposto a publicá-los, ou de uma montagem de inteligência, hipótese que não cabe descartar à priori perante informação desta importância e natureza, o balanço também resultou no aval da sua publicação, a qual, talvez por virtude da casualidade, se é que não de algum misterioso desígnio da história, coincide com o trigésimo oitavo aniversário do desenlace da conspiração tão nitidamente demonstrada pelos documentos da CIA no Chile, no centenário do nascimento do heróico Presidente Salvador Allende.

    Cada um dos leitores poderá tirar as suas próprias conclusões.

    Pela nossa parte, podemos listar umas quantas.

    No principal, o Documento Secreto / 890 consiste num relato sobre as transferências de dinheiro para a Democracia Cristã desde 1964, o que é suficientemente conhecido.

    Com essa mania tipicamente norte-americana de deixar documentalmente estabelecidos até os menores detalhes, o relato descreve com minuciosidade as operações concebidas, primeiro para impedir e depois para desestabilizar a presidência e o governo de Salvador Allende, que iam desde campanhas maciças de desinformação e propaganda negra até assassinatos políticos, como o do Comandante em Chefe do Exército, René Schneider, passando pelo financiamento a uma impressionante rede de personagens e partidos políticos, meios de comunicação e organizações sociais de todos os cortes.

    Em essência, e até aí, trata-se de informação que corrobora antecedentes pormenorizados nos relatórios já mencionados. Mas os documentos inéditos da CIA no Chile fornecem informação até agora desconhecida.

    Prontamente, chama a atenção a profusão e representação dos actores do drama chileno financiados por fundos dos serviços secretos norte-americanos. Pela nossa parte, limitámo-nos a reproduzir o documento até nos seus erros de ortografia. Aparte a vinculação com a Democracia Cristã e os radicais de direita, chama a atenção a de conspícuos personagens da direita e da ultradireita, tais como Pablo Rodríguez, do grupo terrorista Pátria e Liberdade; Pedro Ibáñez, do então Partido Nacional, hoje Renovação Nacional, e Jaime Guzmán, então gremialista e posterior fundador da UDI.

    Segundo a nossa fonte, Uniforms e código de acesso significam identificação de informantes e colaboradores perfeitamente conscientes da proveniência dos recursos.

    Num segundo nível de análise, chamam a atenção as complexas operações de triangulação financeira utilizadas para transferir os recursos, com participação, segundo o documento, de bancos comerciais, das Casas Reais da Holanda e da Bélgica e fundações vinculadas às igrejas.

    Em terceiro lugar, e sempre dentro do âmbito dos subornos, destacam-se os fundos destinados a financiar o Livro Branco, uma mentira contra o Governo de Allende distribuída poucos dias após o golpe; o financiamento de viagens a porta vozes militares chilenos para legitimar o golpe e promover a imagem da ditadura, e o financiamento do assassinato do general Schneider. Mais grave ainda, o documento revela nexos com o general Manuel Contreras e permite supor o financiamento da CIA à Operação Cóndor, que o mesmo documento descreve como «esforço corporativo de inteligência» e «coordenação de inteligência/actividade subversiva da área».

    Em suma, o documento secreto 890, de Março de 1986, estabelece que os contributos da CIA, da Agência Internacional para o Desenvolvimento (AID) e de outras agências do governo norte-americano, para financiar a contra-revolução chilena entre 1964 e 1986, ascendeu à bonita soma de 11 milhões 500 mil dólares, que ao cambio actual, facilmente centuplicariam o seu valor.

    Mas em matéria de antecedentes desconhecidos, ou conhecidos só parcialmente, provavelmente os mais relevantes sejam os relativos aos frustrados atentados organizados pela CIA para assassinar o Presidente Salvador Allende. Prontamente, o documento informa para a história que o Plano Centauro ou Operação Chile, isto é, o Golpe de Estado, foi planificado pela CIA, em colaboração com a ITT, numa data tão antecipada como finais de 1971.

    Segundo estabelece o documento, ainda antes, a 15 de Março de 1971, a CIA atentou pela primeira vez contra a vida do Presidente Allende. Uma nova tentativa teve lugar a 11 de Setembro de 1972. Que a CIA não estava com pruridos na hora de manobrar para derrubar o governo de Allende, prova-o o facto de que o documento reconhece que, a 17 de Setembro de 1972, ingressaram 400 agentes próprios e da DEA. Previamente, em Março do mesmo ano, tinha-se lançado o Plano Setembro, que, nas palavras do próprio documento, «buscava um levantamento militar, o qual fracassa». Até agora, o único antecedente sobre esse facto apareceu no livro de Joan Garcés, Allende y la Experiencia Chilena, las Armas de la Política, de 1976. Descreve-o nos seguintes termos:

    «Nesses dias, o Serviço de Investigações e o de Inteligência das Forças Armadas tinham descoberto um plano de atentado contra a vida de Allende durante a sua visita a Antofagasta. Surgia protagonizado por um grupo de extrema-direita. O facto não se fez público e as investigações prosseguiram. A 3 de Março, o Presidente visitava a mina de cobre de Chuquicamata e celebrava reuniões de trabalho com os mineiros. Depois de jantar, encontrava-se, segundo o seu costume, a jogando xadrez com um dos seus colaboradores, quando, passada a meia-noite, apareceu o ajudante-de-campo naval, Comandante Araya, acompanhado do coronel Washington Carrasco, do Exército. Ambos chegavam directamente de Santiago e solicitavam entrevistar-se com o Presidente. […] O coronel Washington Carrasco, do Serviço de Inteligência, tinha sido enviado pelo Alto Comando. Duas semanas depois, eram presos vários oficiais de grau médio e também vários civis do movimento de direita Pátria e Liberdade. A conspiração militar tinha sido descoberta e foi desarticulada. Actuavam coordenadamente o Serviço de Investigações e o de Inteligência Militar. […] Assim foi abortado o plano de golpe militar posto em marcha seis meses antes a partir dos Estados Unidos».

    Destas linhas do livro de Garcés, corroboradas pelo relatório secreto 890 da CIA no Chile, cabe inferir que, até essa data, os golpistas ainda não tinham conseguido incluir o Exército – pelo menos não institucionalmente – na conspiração, o que fizeram logo depois de 23 de Agosto de 1973, com a renúncia do general Prats, e sua substituição por Pinochet.

    Entre outros factores, isso explica que, ano e meio mais tarde, fosse o próprio Exército a encabeçar a Operação Centauro, planificada pela CIA em Março de 1971.
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    Mensagem por ODIN 08.10.08 17:03

    Muito interessante, valew por postar Partigiano cheers

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